quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013
Relato de uma mudança de vida
Relato de uma mudança de vida
Leonardo Francisco Pereira Marques
Em 2010...
Mudar a vida por quê? Não tinha nada de errado comigo! Tinha casa, carro, boa comida, boa bebida, graduação em Administração, empresa própria, namorada, familiares que me adoravam, alguns bons amigos e por aí vai! Reclamando de barriga cheia, é claro! Quantas pessoas no mundo têm isso? E eu querendo algo mais! O jeito foi me convencer novamente que tudo estava normal, nada errado na vida, tudo certo, a vida que qualquer um pedia a Deus. Mas o bem estar durava pouco e logo vinha a insatisfação.
Por mais que eu tentasse não conseguia me manter bem, mas por quê? Eu tinha tudo! Tudo? Será mesmo? Mas não é isso que todos buscam e eu já tinha? Será que todos estavam certos e eu, errado? Mas, espera aí! Neste momento de parada em meio aos questionamentos, resolvi fazer algo que nunca tinha feito até então – uma análise de como estava verdadeiramente a minha vida.
Tinha passado dos 35 anos, mas não me considerava um homem independente, autoestima lá embaixo, ansiedade lá em cima, pesava 105 quilos, não praticava esportes, alimentação péssima, rica em gordura, toxinas, doces e muito refrigerante. Meu trabalho já não fazia mais sentido, nada de férias há 10 anos, era do trabalho para casa, da casa para o trabalho, sem vida social. Meu stress estava em alto nível, irritação o tempo todo, dores de cabeça, poucas horas de sono e, como nada é por acaso, acabei desenvolvendo hipotireoidismo.
Fiquei pasmo! Tinha acabado de descobrir que não vivia e, sim, sobrevivia. De que adiantava status, bens materiais e dinheiro, se não me sentia plenamente feliz, se não me sentia vibrante? Qual era o sentido da vida de que tanto falamos? E missão, existia isso mesmo? Existiria outra forma para se viver? Como encontrar isso?
Essas eram mais algumas questões que se acumulavam e ajudavam a atormentar minha cabeça, mas mesmo assim não eram suficientes para eu “dar um basta”. Minha zona de conforto e meu medo da mudança ainda eram mais fortes, mas isso era por pouco tempo.
Em mais um dia difícil de trabalho, encontrava-me muito cansado, então resolvi ir mais cedo para casa. Pedi ao meu funcionário que fechasse a empresa às 18 horas e fui embora. Lá pelas 19 horas, recebo um telefonema deste mesmo funcionário, que já deveria estar em sua casa, dizendo que a empresa havia sido assaltada por 4 homens armados que, ao exigirem dinheiro, repetiam várias vezes o meu nome querendo saber se eu estava no local. Naquele momento parecia que uma bomba havia explodido em minha cabeça. Definitivamente aquele era o pior dia da minha vida. Sentir a violência urbana de perto e ver o resultado do meu trabalho cair nas mãos de ladrões era muito ruim! Sem falar na sensação de insegurança que permaneceu por muito tempo, afinal, não sabia se eles iriam voltar e se queriam algo diretamente comigo. Dias e noites terríveis. Medo, tristeza, pessimismo, desilusão... Eu estava em frangalhos! Mas, apesar de tudo, uma coisa boa aconteceu: a minha vontade de mudar se tornou mais forte que o meu medo da mudança.
Chega! Não dava mais! Não era daquele jeito que eu queria passar o resto da minha vida! Tinha que existir algo maior, um sentido para a vida, algo que me deixasse plenamente feliz e motivado para crescer mais e mais! Mas de que forma encontraria esse caminho?
Em meio às turbulências, de uma coisa não podia me queixar, e sim me orgulhar: sempre tive uma família que esteve ao meu lado e, dessa vez, não foi diferente. Recebi o carinho, compreensão e atenção de meu pai Francisco, meu irmão Ricardo e principalmente de minha mãe Nilza e de minha namorada Carol. Foram verdadeiras manifestações de amor que fortaleceram minha busca pelo novo caminho. Mas qual?
Tentei descobrir em algum grupo de discussão, religião, conversas com amigos, mas nada me tocava. Procurei observar as pessoas no intuito de achar aquela que estava verdadeiramente feliz, aquela que poderia ser um exemplo, uma referência, mas me deparava frequentemente com a mentira e o fingimento. Como as pessoas mentem sobre o seu real estado de espírito! Ou talvez nem saibam e acabam se enganando! Como elas estão cegas e não enxergam um palmo sequer diante dos olhos! Continuei a procurar e o exemplo estava mais perto do que imaginava. Foi só olhar para o lado e ver minha mãe, uma mulher jovem, bonita, ótimo condicionamento físico e saúde, equilibrada, verdadeiramente feliz, próspera e ainda conseguia tempo para ajudar os outros. Agora digo para mim, como pude ser tão cego e não enxergar esse caminho que estava ao meu lado em toda a minha vida? Um dia vou saber o porquê, mas naquele momento, o importante era absorver toda a informação de minha mãe.
Em nossas conversas, muito me dizia sobre uma nova forma de encarar a vida, sempre com confiança, positivismo, coragem, pró-atividade, mas nunca deixando de lado os cuidados pessoais, principalmente o físico e a saúde. Engraçado, desde criança sempre a escutei falando sobre isso, mas nunca dei a mínima. Temos o péssimo hábito de achar que nossos pais sabem menos da vida que nosso círculo de amizades, escola, trabalho, livros e mídia. Acredite, esse erro pode ser fatal! Até hoje troco idéias com minha mãe, jamais dispensarei suas opiniões, elas fizeram diferença em minha vida e serei eternamente grato!
Mesmo com essa nova perspectiva, eu ainda oscilava bastante entre dias de muita motivação e dias de extremo desânimo. Foi quando minha mãe me levou em seu terapeuta holístico, o Charles, para que ele olhasse e harmonizasse meu campo bioeletromagnético.
O Charles acabou se tornando uma pessoa muito importante, além de um grande amigo, neste meu processo de mudança. Já o conhecia há vários anos, mas, até então, nunca tinha sido atendido por ele, nem tínhamos alguma convivência.
Ainda consigo me lembrar da sua fisionomia de espanto ao me rever naquela situação, mas damos boas risadas quando ele se lembra que eu estava tão gordo que os botões da minha camisa pareciam que iam estourar e pular dentro dos seus olhos. Naquele mesmo dia, fizemos um acordo, ele iria me orientar e em contrapartida eu teria que me dedicar ao máximo. Foi uma conversa clara, onde fez questão de me mostrar que a mudança dependia de mim e não dele. O seu trabalho era importante e seria feito com dedicação, mas o segredo para o meu sucesso seria o meu envolvimento e ação.
A primeira coisa que aprendi foi que sou responsável por tudo que acontece na minha vida, pelas coisas boas e também pelas ruins. É fácil enxergar nosso mérito nas vitórias e mais fácil ainda jogar a responsabilidade do nosso fracasso para terceiros. “Não consigo isso por causa do governo, do meu patrão, dos meus pais, da minha esposa, dos meus filhos, do tempo, do dinheiro” e por aí vai. Está errado! Se não consigo êxito, é somente por minha causa, pois os terceiros só me influenciam se eu permitir. Isso mesmo, se eu permitir! A decisão e a escolha são minhas! Não permitindo essa influência, as rédeas da situação ficam onde sempre devem estar: em minhas mãos. Confesso que foi difícil entender isso, mas ao compreender pude chegar a uma conclusão muito importante. Se sou responsável por tudo em minha vida, não dependo de ninguém para nada. Se aparece algum obstáculo, vou lá e resolvo, mas se preciso de ajuda e não a tenho, vou lá do mesmo jeito e resolvo sozinho. Se aparecem vários problemas para chegar a um objetivo, não desisto, vou resolvendo cada problema até chegar, não importando quanto tempo e dedicação precise, mas eu chego!
Aprender que os pensamentos influenciam meu dia-a-dia foi uma tremenda novidade! Sempre achei que era conversa de oportunistas para ganhar dinheiro e quando o Charles veio com esse papo, logo pensei que havia caído nas mãos de um charlatão ou algum daqueles fanáticos esotéricos! Resolvi “pagar para ver”, afinal de contas, a forma com que eu enxergava a vida não me satisfazia, tinha me levado a um estado físico e emocional desequilibrados e isso, definitivamente, não queria mais. Queria algo novo, diferente do normal, portanto foi de suma importância manter a mente e coração abertos. Desde então passei a direcionar meus pensamentos para o lado positivo, sempre de uma forma confiante, otimista e, mais importante, sem ansiedade. E não é que dava certo!
Com essa nova forma de pensar, as coisas começavam a ter um movimento diferente em minha vida, comecei a me sentir mais confiante, independente, seguro. Os acontecimentos do dia-a-dia pareciam me favorecer e quando surgia algum aborrecimento, tentava me manter equilibrado para que a raiva, preocupação e tristeza não alterassem o novo padrão de vida que havia escolhido. Parecia que enxergava novas cores, novas perspectivas e saber que meu destino estava em minhas mãos e que poderia pensá-lo e realizá-lo conforme o meu querer, proporcionava mais graça e sentido na vida. Definitivamente estava entusiasmado!
Diante de um emocional mais equilibrado, chegava a hora de cuidar do físico e da saúde. Todos nós sabemos que alimentar-se corretamente e exercitar-se frequentemente são primordiais para uma vida saudável, mas o complicado é colocar em prática. São tantas desculpas que surgem e tantos afazeres diários que nos ocupam, que acabamos deixando o básico de lado. Chegamos até a ensinar aos nossos conhecidos quais são os alimentos saudáveis e quais exercícios físicos são bons para queimar calorias, mas aplicar que é bom, nada! Ter o conhecimento sem saber utilizá-lo não significa muita coisa.
Mas por que agimos assim? Simplesmente porque estamos sempre nos colocando em segundo plano, tudo se tornou mais importante do que nós. O tempo que poderíamos estar dedicando a nós, sempre doamos para a família, para os amigos, para os animais de estimação, para a casa e principalmente para o trabalho. Entender que devemos servir, mas nunca nos deixar de lado, foi fundamental para me motivar a cuidar do físico e da saúde. Descobrir que sou a pessoa mais importante de minha vida parecia egoísmo, mas não é! Se estamos mais saudáveis, dispostos, alegres e vibrantes, seremos melhores servidores. Agora imagine o contrário, se estou doente, triste e sem força, como poderei prestar uma boa ajuda a alguém? Enxergar-me como prioridade e manter-me em primeiro plano tornavam-se uma regra básica em minha vida.
O desafio a mim proposto pelo Charles era grande, eliminar 25 quilos! Assustava, mas o desejo de me tornar um pessoa melhor em todos os sentidos me impulsionava cada vez mais. Compartilhei com minha mãe e a Carol o rumo que queria seguir e mais uma vez recebi de ambas um apoio carinhoso e incondicional. Gradativamente ia retirando ou reduzindo a um patamar aceitável todo tipo de porcaria da minha alimentação, refrigerantes, doces, chocolates, sorvetes, embutidos, frituras, conservantes, acidulantes, adoçantes e por aí vai. Bebidas alcoólicas não precisei tirar, pois não tinha hábito de bebê-las. Em contrapartida fui selecionando alimentos mais saudáveis para compor o meu prato, carnes magras, verduras, legumes e frutas, acompanhados por água ou sucos naturais. Para não ficar muito difícil e radical, reservava os domingos para “chutar o balde”, mas logo no dia seguinte voltava firme para minha meta.
Só de ter esse cuidado, meu consumo calórico caiu acintosamente e minhas medidas foram diminuindo. Cada furo no cinto que diminuía era uma festa e mais uma carga de motivação para continuar. Se desanimava por algum momento, fazia um esforço para resgatar o foco e trazer para minha mente o meu objetivo e minhas recentes conquistas.
Quanto à atividade física, reservei um tempo “sagrado” para realizá-la, e nada nem ninguém eram importantes o bastante para substituí-la. Isso foi primordial também para que as outras pessoas aprendessem a respeitar os meus novos limites. Comecei de leve, passei a fazer caminhadas diárias e aos poucos fui aumentado o tempo de duração e a intensidade. Poucos meses depois já estava conseguindo correr, quem diria! Paralelamente fazia musculação para fortalecer os músculos e flexibilizar os movimentos. Com esse acréscimo de gasto calórico, não deu outra, fui eliminando peso e em apenas 1 ano e 8 meses tinha vencido o desafio.
Essa conquista significou muito para mim. Era uma prova concreta de que eu era capaz. Sentia-me muito mais saudável, corajoso, disposto, calmo, feliz e com a certeza que a minha nova forma de pensar estava correta. Tinha consciência que começava a experimentar o tão desejado estado de graça e, além disso, que meu destino definitivamente estava em minhas mãos.
Nas minhas longas conversas com o Charles, fui percebendo que, desde criança, vamos absorvendo uma série de informações e crenças que aparentemente são boas, mas que, na verdade, nos limitam, e uma delas é nos contentar com o que somos e temos. Mas por quê? Se existe algo melhor, por que não buscá-lo? Se não estou prejudicando ninguém e sinto que posso e mereço, por que não? Foi pensando assim que decidi trocar de profissão. Como disse, já não me sentia identificado com meu trabalho e, apesar de ter aprendido muito com ele, o ciclo havia finalizado e naquele momento queria descobrir em mim novas potencialidades.
Ao direcionar meu foco e desejo, sem ansiedade, na venda da minha empresa, não levou muito tempo para surgir um comprador. Foi uma negociação bem rápida e logo estava frente a frente com outra mudança na vida: minha profissão. Essa foi menos trabalhosa, pois com o emocional e o físico equilibrados, qualquer obstáculo tem uma dimensão bem menor. A minha base estava sólida!
“O que você quer fazer?” Era a pergunta que o Charles sempre me fazia, dizia que ainda não sabia, mas o fato era que cada vez que ia ao seu consultório, admirava mais a profissão de terapeuta. Até que um dia tomei coragem e respondi sua pergunta, “quero fazer isso que você faz”! O engraçado é que ele deu um pequeno sorriso onde transparecia que já sabia que essa seria minha escolha.
Nos meses seguintes transcorreu a minha preparação para a nova profissão: cursos, pesquisas, estudos e muito treinamento. Charles sempre me alertava que os cuidados pessoais não poderiam cessar jamais, pois mais importante que a técnica de terapia e a experiência, é o terapeuta estar saudável e equilibrado física e emocionalmente.
Segui tudo à risca e logo estava com minha sala atendendo meus clientes. Mais um desafio vencido e eu mais alegre, disposto, confiante e realizado. Tornar-me um terapeuta holístico me levou mais perto da minha essência! Cuidar de pessoas é formidável! Vejam que interessante: se um dia aprendi a importância de tomar decisões e atitudes para transformar minha vida, agora ajudo e ensino as pessoas a vencer seus desafios, sejam eles físicos, emocionais, afetivos, familiares e outros. Até a minha história está servindo como base e exemplo para os clientes. O segredo é ter foco, paciência, persistência e disciplina.
O que mais tenho a relatar é que vale à pena todo esforço! Cada obstáculo que fica para trás se transforma em alegria e entusiasmo. Escolher e buscar a boa saúde, equilíbrio físico e emocional, tratar as pessoas com amor e direcionar pensamentos, faz com que a vida produza sempre acontecimentos favoráveis. Parece que tudo dá certo, que nos transformamos em ímãs de coisas positivas, sem menos esperar nos surpreendemos com fatos agradáveis.
Minha vida afetiva tomou esse rumo. Casei-me com a Carol, minha companheira, incentivadora e amante. E hoje, em pleno 2013, esperamos o nascimento de nosso primeiro filho, o Lucas. Dá para imaginar o tamanho da felicidade que estou sentindo em ser pai? Mais uma mudança! Mas felicidade maior é saber que me tornei um bom exemplo para o Lucas, principalmente quando escutar dele o que todo filho diz: “quero ser igual ao meu pai”. Poderei contar minha história, minha visão das coisas, meus hábitos e permitir que se torne um homem de mente aberta, livre e sem limites.
Pensa que vou parar por aí? Não! Já tenho novas metas pessoais, físicas e profissionais. Quero continuar expandindo minha consciência e evoluindo como pessoa. Estou sempre estudando, viajando e conversando com as pessoas. Tenho sede de aprender, pois descobri que a evolução é infinita.
Essa caminhada é muito prazerosa e pode ser ainda melhor se levarmos mais pessoas conosco. Nossa evolução pessoal tem como consequência a evolução do coletivo. Para transformar a vida não é necessário ser rico, ser jovem ou não ter deficiências físicas. Bastam apenas sua vontade, decisão e atitudes. E você, está esperando o quê
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